Dois médicos obstetras do Hospital da Azambuja, em Brusque, no Vale do Itajaí, pediram demissão alegando falta de estrutura para trabalhar. Antonio Moser Junior e Cláudio dos Santos atenderam até o dia 18 e, segundo eles, o corpo clínico reduzido e a falta de materiais pediátricos foram os motivos que os levaram a deixar as funções que exerciam.
Moser disse que, além das dificuldades de trabalho, o baixo valor dos procedimentos da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), repassados aos hospitais e sem reajuste há 10 anos, prejudica o pagamento dos salários e a manutenção de pessoal especializado no hospital.
– São problemas enfrentados por muitos hospitais da região. Outros até conseguem se manter, mas o Azambuja está com muitas dificuldades – contou Moser.
Segundo o diretor do hospital, padre Nélio Schwanke, para manter os pagamentos em dia e a manutenção da instituição, o hospital depende da promoção de festas e doações, porém essas ações são insuficientes para cobrir todos os gastos da entidade.
– Estamos em processo de contratação e, em breve, teremos novo quadro de especialistas – disse.
Para o médico e secretário do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (Simesc), Geraldo Alves da Silva, o que está acontecendo em Brusque é reflexo da estagnação da tabela de procedimentos do SUS. Alves destaca que, com a tabela atual, os hospitais têm de pagar os excedentes e acabam tendo dificuldades para remunerar o corpo médico e fazer melhorias na estrutura física.
Sobreaviso é motivo de impasse
– Se os preços fossem compatíveis com a realidade, os hospitais teriam mais dinheiro em caixa e menos problemas com pagamento de médicos e enfermeiros – explicou.
Outro impasse entre médicos e hospitais diz respeito ao sobreaviso. Os médicos reclamam que, quando ficam em casa à disposição dos hospitais, não recebem pelo tempo parado e somente pelos procedimentos realizados.
– É complicado ficar em casa sem poder fazer nada, só esperando o chamado do hospital. Já houve casos em que o médico nem sequer recebeu pelo procedimento, pois o paciente nem precisou de atendimento específico – reclamou Alves. (Diário Catarinense)