O Presidente da Associação de Hospitais do Estado de Santa Catarina (AHESC), Maurício Souto-Maior, e a Presidente da Federação das Santas Casas e Entidades Filantrópicas (FEHOSC), Ir. Neusa L. Luiz, convocaram uma reunião com gestores hospitalares, na tarde desta terça-feira, 12 de julho, para a discussão e articulação de estratégias e ações emergenciais, diante da preocupante falta de medicamentos e insumos em Hospitais, Clínicas Renais e Farmácias. Além da escassez, o setor ainda sofre com o aumento exacerbado de itens indispensáveis no cuidado de pacientes.
Além de membros das Diretorias, participou da reunião, o Assessor Jurídico da Associação e Federação, Dr. Paulo Henrique Góes, e a farmacêutica hospitalar, Isabela P. Piccinin, responsável pelo setor de Suprimentos do Hospital Regional São Paulo e membro do Grupo de Insumos das entidades AHESC-FEHOSC. A farmacêutica lançou um alerta a todos, relatando que, em seus 15 anos de trabalho com gerenciamento de medicamentos, nunca viu um cenário tão caótico, pois a falta está generalizada e os hospitais já estão recorrendo às suas reservas. “Na pandemia, sentimos com a falta de medicamentos específicos, agora estamos sofrendo com a escassez de diversos medicamentos, incluindo os básicos utilizados em tratamentos de baixa à alta complexidade, e que são utilizados em grande escala”, ressalta. A falta de certos itens podem atrasar cirurgias e levar pacientes a óbito.
Dentre os medicamentos que mais provocam preocupação, estão o contraste para exames de diagnóstico, em que um frasco custava R$ 6,00 e hoje é oferecido por R$ 60,00 sendo que os hospitais e clínicas gastam de 500 a 600 frascos/mês. Sem contraste, os atendimentos cardiológicos e oncológicos não podem ser realizados. Outro item destacado foi o soro fisiológico que teve um aumento do preço de até 600%. Os Diretores relataram sobre a falta de medicamentos na rede pública, filantrópica, privada, farmácias de Unidades Básicas de Saúde e nas próprias drogarias privadas que estão sofrendo com a falta de Dipirona, diversos antibióticos, entre outros; o que tem feito com que médicos tenham que prescrever receitas.
Os Presidentes citaram a entrega do ofício das entidades AHESC-FEHOSC ao Secretário Adjunto, onde solicitam atenção especial no que diz respeito a falta de medicamentos básicos, como soro fisiológico, contraste para exame de diagnóstico de alta complexidade, dipirona injetável, antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios utilizados no âmbito hospitalar e de clínicas renais. Assim como também expressaram suas preocupações quanto ao resultado da Audiência Pública promovida na manhã desta terça-feira (12/07) pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, que discutiu sobre o tema com representantes de órgãos de Saúde e Farmácia, onde não se obteve nenhuma solução para o problema.
O Assessor Jurídico, Dr. Paulo Henrique Góes, destacou que esse momento de dificuldade está superando os dois anos de pandemia, ressaltando a crise que envolve vários setores mundiais, não somente o da Saúde, onde a cadeia de suprimentos de muitas indústrias estão prejudicadas, citando a guerra na Ucrânia e o lockdown na China. Góes enalteceu a importância de uma gestão de crise, e que a sociedade precisa ser preparada para a possibilidade da escassez real de medicamentos.
Os representantes destacaram a necessidade de uma ação coletiva, envolvendo a união dos hospitais, gestão de crise e uma comunicação clara e eficaz, para que o setor passe por isso com o menor número de danos possível.
Dentre as ações definidas, vão desde a notificação de órgãos municipais, estaduais e federais, até uma comunicação efetiva da população sobre a gravidade do cenário exposto.
Sobre a Audiência Pública
Sobre a Audiência Pública realizada em Brasília, de acordo com informações repassadas pelo Diretor Geral da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), Mário César Homsi Bernardes, representantes da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) prometeram uma ação rápida na tentativa de encontrarem uma solução, solicitando que as entidades hospitalares encaminhem ofícios dos hospitais, destacando a falta de medicamentos e a prática de preços abusivos, com comprovação de notas fiscais, das recusas em fornecer contraste pelos preços previstos na nova Portaria, e todas as demais situações que porventura as instituições estejam vivenciando junto aos fornecedores, para que haja uma ação sólida junto ao Ministério da Saúde e CMED.