Na tarde de quarta-feira, 12 de maio, o presidente da AHESC, Altamiro Bittencourt e a presidente da FEHOSC, Irmã Neusa Lucio Luiz estiveram reunidos com secretário da Saúde, André Ribeiro, no gabinete do presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Catarine, deputado José Milton Scheffer na ALESC, para tratar sobre o retorno das cirurgias eletivas. Também participaram do encontro o vice-presidente da AHESC, Maurício Souto-Maior, o diretor-secretário da AHESC, Alciomar Antônio Marin e o diretor da FEHOSC, Márcio Santtana.
Durante o encontro com o secretário, as entidades expuseram as dificuldades encontradas pelos hospitais em atender aos protocolos exigidos pela Secretaria de Estado da Saúde, assim como as necessidades do setor, que atualmente passa por um momento crítico imposto pela pandemia. “Viemos aqui solicitar que os contratos sejam revisados e que haja um planejamento para cada hospital, sem quantificar as cirurgias e impor metas, pois muitas unidades não possuem condições para cumpri-las. O nosso desejo é que possamos construir soluções juntos, dentro do que é possível”, ressalta Altamiro Bittencourt.
A Irmã Neusa falou sobre a preocupação com o atendimento da população. “Queremos fazer, mas nem sempre é possível, pois os problemas enfrentados são muitos. Estamos sofrendo com as UTIs lotadas, com a inflação dos preços de medicamentos e EPIs, a falta de kits, de antibióticos e tudo que engloba as necessidades para o atendimento geral”, afirma. Neusa citou o grupo de trabalho formado pelas entidades para o levantamento das necessidades de cada hospital, buscando a construção de melhorias para o bem do estado e da população.
O diretor-secretário da AHESC, Alciomar Marin ressalta que a individualidade de cada unidade. “As condições de cada hospital são individuais para demandas de atendimento, UTI e cirurgias eletivas, mas a preocupação de todos é a mesma: garantir o fornecimento de medicamentos e salvar vidas,” relata. “Se o Governo demanda cirurgias, logicamente vai haver aumento da compra de medicamentos e aí está o problema”, complementa.
O vice-presidente da AHESC, Mauricio Souto-Maior destacou que a situação dos pacientes é instável, fazendo com que o desafio seja ainda maior. “O paciente está em estado estável pela manhã, a saturação de oxigênio cai e ele é intubado, ou seja, precisa ser sedado. Esse processo requer medicação contínua e isso gera custos muito altos, já que houve um aumento abusivo do preço dos medicamentos e do kit intubação. Existe a morosidade para a importação de insumos, a burocracia das autorizações, da Anvisa, a inflação do dólar e o surto do vírus na Índia que é um grande fornecedor, relata.
Para o diretor da FEHOSC, Márcio Santtana, esse está sendo o pior momento enfrentado pelo setor. “Agora precisamos trabalhar no sentido de sermos mais assertivos, ou seja, não podemos errar mais nas decisões, para o bem da população. Cada hospital deve ser regido por políticas individuais para que possamos, com estratégia e calma, avançar na solução dos problemas,” enaltece.
Em resposta aos relatos, o secretário informou que tem conhecimento do cenário atual que está mal e tende a piorar com a terceira onda da doença. Entende que é preciso pensar nas cirurgias, mas sem descuidar da estrutura que deve ser disponibilizada aos pacientes com Covid-19, e que está disposto a ouvir, dialogar e propor soluções para o bem comum. “Precisamos avançar, discutir, rever critérios, pois temos duas grandes necessidades prioritárias: atender a população em meio a uma pandemia e retomar a realização de cirurgias eletivas que hoje está com 90 mil pessoas na fila. Num cenário epidemiológico onde estamos com 19 mil casos ativos de Coronavírus e com lotação nos leitos de UTI não podemos trabalhar com regras de normalidade e com amarras legais”, ressalta.
Segundo o secretário, o Governo não tem condições de suprir todas as necessidades dos hospitais, mas entende que a solução está em vocacionar os hospitais. “Cada hospital sabe da sua capacidade de estocar medicamentos e realizar as cirurgias”, avalia.
As unidades que declararem capacidade receberão apoio do governo após a assinatura de um termo de compromisso para a realização de cirurgias. André ainda informou que nada será construído unilateralmente, mas com diálogo e compreensão. Entende ainda que os assuntos sobre equipamentos, insumos, vacinas e habilitações devem ser levados ao Governo Federal.
O deputado José Milton Scheffer informou que a Política Hospitalar teve um grande avanço e tem sido essencial para os hospitais. “Vamos criar um fórum de trabalho, vocacionar pequenos hospitais e propor um debate mais amplo desse assunto de extrema urgência com a presença do governador”, propõe.
Na oportunidade, as entidades AHESC e FEHOSC comunicaram ao secretário que foi criado um grupo de trabalho para avaliação, e que futuramente irão apresentar uma proposta para discussão com a SES, incluindo a Política de Saúde Mental, que requer uma atenção especial.